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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O YULE E O NATAL - PARTE II (TEXTO ESPECIAL DE NOSSA PARCEIRA MIRIAM REGINA/RHAROMASY)




DO REI DO INVERNO AO PAPAI NOEL – A ORIGEM (in http://celta.zip.net/)



Algumas tribos celtas nutriam a crença de que ao tempo do Festejo de Yule surgia a exótica figura de um ser sobrenatural descrito como um homem de idade bem avançada, carregando um grande cajado de carvalho, expressando em seu rosto sempre um ar simpático, com vasta barba e cabelos tão brancos como a neve, que chegavam até o chão e confundiam-se com suas vestes. Ele tinha o poder mágico de entrar nas casas sem ser visto ou ouvido, onde chegava para dar presentes para as crianças.



Passaram os séculos e com o sincretismo religioso do cristianismo os costumes celtas serviram de base ao que hoje conhecemos como "Natal", com o Rei do Inverno tomando a forma do Papai Noel e o banquete de Yule se transformando na ceia tradicional natalina. Mais tarde, com surgimento do capitalismo, a troca de presentes acabou perdendo seu sentido original, transformando-se numa forma de  alavancar as vendas no comércio de grande redes lojistas, visando enormes lucros.



DESVIOS DO "ESPÍRITO DE NATAL"  - Hoje, poucos de nós conhecem a origem desta data ou recordam seu sentido cristianizado; a grande maioria encara o natal apenas como mais um feriado entre tantos que somente se distingue dos demais pelo consumismo desenfreado e outra oportunidade de cometer exageros no consumo de alimentos e bebidas.



Assim, em lugar de uma data de fraternidade, surge um tempo em que preferencialmente ocorrem casos variados de violência, acidentes de trânsito, internações inesperadas em hospitais e tudo mais de pior – uma prévia do coas que culmina no Carnaval.



Crianças e adolescentes, por sua vez, impulsionados pela mídia, aproveitam a data para pedirem a seus pais - de maneira canhestra e chantagista - presentes caros com marcas da "última moda", muitos deles produtos tanto inúteis quanto de gosto duvidoso. Nem se lembram de pedir carinho e demonstrar amor filial como deveria ser.



NATAL NOS TRÓPICOS – O Natal tradicional adquire ares destoantes nos países ao sul do Equador, que incorporam hábitos alimentares de tradição europeia que nada condizem com período da estação em que vivem, isto é, quando chega o solstício de inverno pelo hemisfério norte pelo sul surge o solstício do verão, trazendo consigo dias de temperatura elevada e propenso para comidas leves e não alimentos pesados, quentes e indigestos para a época como peru, pernil ou cabrito assados, frutas calóricas como castanhas, nozes, avelãs ou bebidas "quentes" como vinho tinto!!! Sem mencionar o gasto desenfreado pois a maioria dos alimentos da "ceia" são importados e caríssimos.



Agora, o  que há em vigor hoje em dia no Natal nem passa perto do que pregou Jesus Cristo em seus ensinamentos. Os cristãos deveriam, sim, aproveitar esta data para refletirem e voltar a pensar no que REALMENTE significa ser cristão bem como também. Já os neo-pagãos atentar para o que tem a ser resgatado a respeito desta data que possa contribuir para construção de uma sociedade mais sadia e fraterna. 




YULE – O CONCEITO




Enfrentando os rigores do inverno europeu, onde muitos encontram a morte pelas mãos da fome, doença ou mesmo ação de um frio implacável, surge para os celtas um fio de esperança de que tempos piores já passaram. Em poucas palavras, é o que representava, aos olhos bem treinados dos antigos celtas, o solstício do inverno - indicador dos ciclos naturais de que a estação invernal caminhava para seu fim e abria caminho para a chegada triunfal da Primavera.



Neste contexto, surgiam os festejos célticos de Yule ( pronuncia-se IU-UL), marcado por cerimônias por ocasião do advento do  solstício do inverno quando havia troca de presentes acompanhada da realização de um banquete comunal cheio de pompa e circunstancia. Como era o costume, tudo era enfeitado com elementos naturais tais como guirlandas de azevinho penduradas nas portas, tecidos de cores bem vivas eram usados nas decorações artesanais, fogueiras acesas por todos lados de modo a espantar a escuridão reinante do inverno e muita música alegre se ouvia para espantar qualquer sentimento funesto do coração.



Apesar de bem frugal, na prática os comensais realizados durante o festejo de Yule sem exagero surgiam como uma oportunidade para a grande maioria dos celtas desfrutar a melhor refeição que já tiveram condição de usufruir desde o início do inverno e assim permaneceria ela até a chegada da primavera. Sim, por que o fato é que, apesar de modesta, esta ceia assumia ares de verdadeiro banquete pela situação reinante de escassez típica do inverno e pela qualidade dos alimentos postos à mesa já que as melhores carnes e conservas bem como também um vinho das amoras de outono (colhidas em agosto ao tempo do Festejo de Lughnassa ) - eram guardados com um cuidado todo especial durante todo o inverno, significa dizer de outra maneira que no banquete celebrado por conta do Festejo de Yule estava sendo servida uma comida que além de ser de alta qualidade e extremamente saborosa também possuía um enorme valor calórico e nutritivo que dava uma verdadeira "revigorada" nos celtas e oferecia condições físicas para eles suportarem os rigores do resto da estação até a chegada da Primavera. A respeito da troca de presentes que era também realizada durante o Yule, é preciso salientar que tais presentes eram feitos artesanalmente (utilizando um pedaço de tecido, uma tira de couro curtido, sementes, objetos talhados na madeira, etc.), figurando como algo muito importante - acima de tudo - que quem desse tal "oferenda" tivesse desprendido certo grau de esforço considerável para confeccioná-lo e nutrisse a intenção de  com ele estreitar laços de amizade, amor ou mero respeito com outras pessoas à sua volta. Neste espírito também não era de todo incomum a oferta de algum bem de uso pessoal que revelasse possuir um valor sentimental considerável aos olhos do possuidor ou ainda detivesse uma grande importância no ofício que exercia. (algo como uma lança de um caçador, por exemplo, dada a ele antes por seu pai e utilizada em grandes aventuras). Assim, a troca de presentes no festejo de Yule circulava essencialmente em torno de bens a rigor sem nenhum valor econômico apreciável, nem passando pela cabeça deles algo tão impessoal quanto comprar um presente para depois dá-lo e tampouco quem recebia ligava para outra coisa além do que representava em carinho e consideração aquele gesto em tempos tão tenebrosos e sombrios quanto do inverno.



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